A emoção tomou conta da quadra poliesportiva da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), no último dia 15. Pela primeira vez na história do esporte nacional, pessoas com deficiências física e neurológica disputaram o Campeonato Brasileiro de Karatê, que reuniu representantes de sete estados. Ao todo, 20 alunos do Instituto Bahiano de Reabilitação (IBR), unidade da Fundação José Silveira (FJS), competiram nas categorias Kata Amputado Sênior (18 a 40 anos), Kata Hemiparético Infantil (8 a 13 anos), Júnior (14 a 17 anos) e Master (acima de 40 anos), Kata Tetraplegia Júnior e Kata Diparesia Sênior. Destes, nove conquistaram a medalha de ouro, cinco de prata e quatro de bronze.

O karatê foi implantado no IBR como terapia auxiliar para pessoas com deficiências neuromotoras em 2012, e, desde então, os alunos vinham se preparando.“Eu tinha a esperança e a visão de que esses atletas poderiam chegar aonde chegaram. A cada dia eles me mostram o quanto são capazes e, assim, vamos traçando objetivos maiores”, afirmou o educador físico da FJS, Erick Chaves. Sem conseguir descrever a emoção do momento, mas com o sentimento de dever cumprido, Erick ainda disse que “os próximos passos serão intensificar os treinos para a segunda etapa do Campeonato, prevista para acontecer no mês de outubro, em Brasília”.

Iniciativa que inspira
Durante o evento, a iniciativa da Fundação José Silveira foi bastante elogiada e despertou o interesse de outras instituições em desenvolverem um trabalho semelhante. Para o Diretor Técnico da Confederação Brasileira de Karatê, Wiliam Cardoso, “essa é uma experiência ímpar e marcante na história do karatê brasileiro. O exemplo que esses atletas trazem para todos nós, é de saber reconhecer os próprios limites. Todos têm limitações, no entanto, tivemos aqui uma grande lição de que com perseverança e esforço é possível vencê-las”.
Prova disso é a determinação de Carine do Carmo de Oliveira, atleta que superou as dificuldades impostas por sua condição física. “Eu mal podia movimentar os braços, hoje sou capaz de fazer golpes de karatê”, contou Carine, orgulhosa ao exibir a medalha que ganhou na competição.