Momentos de alegria e emoção foram vivenciados no recital de poemas com os participantes do Projeto Versos de Liberdade: cuidando de quem cuida para transformar o futuro de todos e todas, na última sexta-feira (13/12), no auditório da sede Ministério Público da Bahia. A realização do Projeto é uma iniciativa da Fundação José Silveira (FJS), que introduz de forma inovadora e pioneira o trabalho com a poesia na formação e sensibilização de socioeducadores e jovens em cumprimento de medida socioeducativa. Está sendo implementado através de um acordo firmado pela FJS com a Escola Lucinda de Poesia Viva – Casa Poema Produção e Educação Cultural, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil e a Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac) .

“É uma alegria constatar a grandiosidade desse trabalho com a poesia, capaz de promover a transformação e o fortalecimento das relações humanas”, disse na ocasião a superintendente da FJS, Leila Brito. Ao saudar os participantes do evento, a promotora da Infância e da Juventude do Ministério Público, Cintia Guanaes, ressaltou “a satisfação de participar da apresentação desse projeto, que coloca em prática ações que o Ministério Público vem assumindo, no seu papel de defensor da cidadania”.
As oficinas poéticas são executadas pela Escola Lucinda de Poesia Viva – Casa Poema. “O que nos une é a nossa capacidade de amar e de transformar o mundo, algo que é potencializado com a poesia, que aproxima as pessoas, plantando as sementes da paz, da justiça e da solidariedade”, afirmou a atriz, poeta e escritora Elisa Lucinda, criadora da Casa Poema. A oficina desenvolvida com os jovens trabalhou com os poemas de Solano Trindade, considerado “o poeta do povo” e um dos principais representantes da literatura afro-brasileira. Foi diversificado o repertório poético trabalhado com os socieducadores que atuam na Fundac.

Poder transformador
Ao final da experiência, os depoimentos comoveram pela forma como a poesia tocou os corações e trouxe reflexões importantes. “Na nossa rotina são muitos os desafios que nos deixam com o coração mais endurecido e esta experiência com a poesia é muito válida para resgatar e dar vazão à sensibilidade”, comentou o coordenador de Segurança da Case CIA (Comunidade de Atendimento Socioeducativo), Jocevaldo Nunes Sena.

“Sempre gostei de fazer poesia, mas só agora, após esta experiência no Projeto, passei a dar valor a esse potencial e comecei a enxergar que a arte tem o poder de nos transformar para melhor”, disse S. B., 18 anos, que declamou um poema de sua autoria, escrito nos dias em que participou da Oficina com a equipe da Casa Poema. O poema fala do aprisionamento causado pelo consumo da maconha e da vontade de libertação. “Eu falo de mim mesmo, porque não quero mais ser escravo desse vício”, desabafou. Por sua vez, R. B., 18 anos, comentou que “a oficina despertou em mim um lado que eu não conhecia, da consciência social e da arte, que traz a esperança e a força de vontade de mudar a realidade”.