- Editora: Universidade Federal da Bahia, Salvador
- Publicação: 1994
- Autor: Prof. José Silveira
Tem esse livro o propósito não só de contar, da maneira mais singela e objetiva possível, o muito que se tentou, na Bahia, por cerca de um século, para vencer a tuberculose, fazendo justiça aos que tão devotadamente se dedicaram a essa causa, como também mostrar, com documentação adequada e experiência vivida, quanto se pode conseguir quando, em perfeita união, trabalham idealistas, amparados pelos Poderes Públicos, os empresários, os intelectuais, os sábios, os artistas, os pesquisadores, a comunidade enfim…
Dir-se-á que isso é um fato demasiadamente conhecido quando diversas forças se casam. Certo. O extraordinário, porém, é que essa unidade de pensamento e de ação se faça em ambientes pobres, desajudados de tudo e de todos. Daí a necessidade de revelar e insistir na sua ocorrência e por tempo prolongado. Um exemplo baseado não em afirmações vagas, doutrinação vazia e fantasiosos pronunciamentos; mas através de fatos concretos, autenticidade comprovada e segurança histórica.
Infelizmente, a documentação com que tentei comprovar inteiramente essa tese não pode ser alcançada como queria. Nem todas as minhas buscas deram resultado desejado. Numerosas foram as pessoas, empenhadas no admirável movimento, que não puderam satisfazer nossas indagações. As próprias Instituições dedicadas ao problema, de iniciativa privada ou mesmo do Governo; sinal evidente do fato, tantas vezes comprovado, do desamor ao que se fazia no passado. Consequência disso é que, nesse estudo, sobressaíam referências às atividades e serviços que estiveram sob minhas vistas, tornando até certo ponto antipático um conforto que nunca esteve em meus propósitos realizar.
Para satisfazer a curiosidade sobre o porque dessa discordância, nem uma superioridade de comando, ou valorização maior dos protagonistas, quero esclarecer que tudo dependeu de circunstâncias imprevisíveis.
Devo à Bahia esse documentário, que gostaria de ver conhecido, comentado e discutido, sobretudo pelas novas gerações, ainda hoje e cada vez mais ameaçadas pelos tristes e dramáticos surtos epidêmicos da doença que, fosse vivo, Octávio Mangabeira, na sua serena sabedoria, repetiria o que sempre proclamou em relação à Bahia: “o que está em causa ou em jogo, no combate
à tuberculose, não é apenas o nosso interesse, mas a nossa própria honra, o brio, o pundonor da nossa terra”.
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